Projeto Justiceiras: Três anos de combate à violência contra a mulher
No contexto de uma roda de conversas entre as colaboradoras do Projeto Justiceiras, foi realizada uma atualização sobre os números e atendimentos realizados ao longo dos últimos anos. O projeto completou três anos de existência e tem desempenhado um papel significativo no enfrentamento da violência doméstica, especialmente durante a pandemia.
O Projeto Justiceiras foi idealizado durante a pandemia da COVID-19, em 2020, pela doutora Gabriela Mansur, ex-promotora de Justiça. Naquele momento, com o aumento do isolamento social, as mulheres enfrentaram dificuldades para denunciar a violência que sofriam em seus lares. Com o intuito de auxiliá-las, o projeto se estabeleceu como um canal de denúncia, disponibilizando uma equipe composta por assistente social, psicóloga, advogada e uma voluntária de apoio.
O principal objetivo do Projeto Justiceiras é acolher, orientar e encorajar as mulheres, proporcionando-lhes autonomia para tomar decisões sobre suas vidas. Além de atender casos de violência doméstica, o projeto também presta atendimento em situações de violência obstétrica, assédio moral, violência institucional e violência sexual.
O acesso ao projeto pode ser feito por meio do Instagram, do site ou do WhatsApp, cujo número foi divulgado no vídeo de apresentação. Ao procurar o projeto, a mulher é orientada a preencher um formulário com informações pessoais sigilosas, como nome e melhores horários e meios de contato. É também solicitado que ela informe se o agressor possui arma de fogo, para que sejam tomados os devidos cuidados.
Após o preenchimento do formulário, a equipe do projeto entra em contato com a mulher, dando início ao trabalho de apoio. Uma assistente social, uma orientadora jurídica, uma advogada e uma psicóloga trabalham em conjunto para oferecer o suporte necessário. É feita uma análise individualizada do caso, levando em consideração fatores como a gravidade da violência, a segurança da mulher e a existência de medidas protetivas.
A orientadora jurídica tem o papel de informar a mulher sobre seus direitos e o que ela pode fazer diante da situação de violência. Ela explica, por exemplo, como registrar uma ocorrência, orienta sobre a possibilidade de registro online, caso seja viável, e informa sobre as medidas protetivas disponíveis, que visam garantir a integridade física e psíquica da vítima. A advogada não atua diretamente no processo, mas fornece informações e direcionamentos.
Além disso, a equipe do Projeto Justiceiras também orienta as mulheres que são mães sobre questões relacionadas à guarda dos filhos e à divisão de bens em casos de separação. O projeto atende mulheres de todas as faixas etárias, incluindo meninas, adolescentes e idosos. Também oferece assistência a brasileiras que vivem no exterior.
O projeto Justiceiras oferece apoio social, psicológico e jurídico. Ana Carolina Emídio, assistente social especializada em saúde pública com ênfase em saúde da mulher, apresenta o trabalho realizado por essa organização.
Através de um contato virtual, o projeto atua como porta de entrada para a rede assistencial no território onde a mulher reside. São realizados acompanhamentos e encaminhamentos para os centros de referência da assistência social, como o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Além disso, as mulheres são direcionadas para o Centro de Referência da Mulher, onde recebem apoio jurídico e psicológico, de acordo com suas demandas específicas.
No Centro de Referência da Mulher, a mulher passa por uma triagem para avaliar seu caso e identificar as necessidades individuais. Alguns podem ter filhos menores, outros podem ter filhos adolescentes, e alguns sofrem violência por parte de familiares que não são seus companheiros. O centro oferece orientação socioassistencial, além de facilitar o acesso a programas de transferência de renda, como o Cadastro Único.
O acompanhamento socioassistencial é um aspecto fundamental do projeto. As mulheres são concomitantes até o final do processo, garantindo que recebam todo o apoio necessário. Caso não consigam atendimento em uma determinada rede, são feitos novos encaminhamentos e buscam-se outras alternativas dentro da rede de atendimento.
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No Centro de Referência da Mulher, as mulheres também têm acesso a políticas voltadas para a educação profissional, como profissionalizantes e encaminhamentos para entrevistas de emprego, através da articulação com o Ministério do Trabalho. Dessa forma, o projeto busca fornecer autonomia e capacidade de recomeço para as mulheres em situação de violência.
É importante ressaltar que muitas mulheres não conseguem sair do ciclo da violência por diversos motivos, como o medo, a dependência emocional ou até mesmo ameaças. O projeto Justiceiros proporciona um ambiente de acolhimento e apoio, buscando devolver a autoestima e a autonomia às mulheres atendidas.
Desde sua criação, o Projeto Justiceiras já atendeu mais de 12 mil mulheres em todo o país. Os relatos de transformação e superação são inspiradores, mostrando a importância do suporte oferecido pela iniciativa. Muitas mulheres que se sentiram presas em relacionamentos abusivos encontraram forças para romper esses vínculos e reconstruir suas vidas de forma independente.
O Projeto Justiceiras vai além do apoio individual às vítimas. A iniciativa também atua na conscientização e prevenção da violência doméstica por meio de campanhas de conscientização e parcerias com outras organizações e instituições. Dessa forma, busca-se combater o estigma e promover uma sociedade mais justa e igualitária.
Para aqueles que desejam apoiar o Projeto Justiceiras ou obter mais informações sobre seu trabalho, é possível acessar o site oficial ou acompanhar suas redes sociais. Com cada vez mais mulheres sendo encorajadas a denunciar a violência e buscar ajuda, uma iniciativa mostra-se essencial na construção de um futuro livre de violência doméstica.
Neste momento em que a sociedade busca por soluções efetivas para o combate à violência de gênero, o Projeto Justiceiras surge como uma luz de esperança, capacitando e fortalecendo mulheres que precisam de apoio para superar situações de violência doméstica. Com sua atuação incansável, o projeto demonstra que é possível criar uma rede de solidariedade e garantir um futuro melhor para todas as mulheres.
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